ENCARNAÇÃO DENTRO DA RELIGIÃO
Encarnação (do latim in carnare, "fazer-se carne") é um conceito
religioso presente no cristianismo, budismo, hinduísmo e rastafarianismo.
Encarnação não é o mesmo que reencarnação;
a Bíblia fala da encarnação do Verbo para enfatizar que Deus
fez-se homem (João 1.14; 1Timóteo 3.16), pois Jesus veio em carne (1João
4.1,2).
A Reencarnação é a ação de encarnar-se sucessivas vezes ou seja,
derivada do conceito aceito por doutrinas religiosas e filosóficas de que, na
morte física, a alma não entra num estágio final, mas volta ao ciclo de
renascimentos. Heródoto menciona esta doutrina como sendo de origem
egípcia, sendo que a reencarnação se dava instantaneamente após a morte,
passando a alma para uma criatura que estava nascendo (que poderia ser da
terra, da água ou do ar), percorrendo todas as criaturas em um ciclo de três
mil anos. Platão já tratava deste conceito em suas obras.
Atualmente, esta crença é defendida por religiões de origem hinduístas e
espiritualistas. É chamada também de transmigração da alma e Metempsicose (esta última mais encontrado em filosofias
orientais, onde a alma pode regressar em corpos de animais).
Encarnação no cristianismo
O substantivo encarnação ou o adjetivo encarnado não são encontrados na Bíblia, mas o equivalente grego do latim "in
carne" (τη σαρκι ,en sarki, "na carne") se encontra em algumas declarações
importantes no Novo Testamento a respeito da pessoa e obra de
Jesus Cristo. Em 1 Timóteo 3:16 fala sobre "Aquele que foi manifesto na
carne". João atribui ao espírito do anticristo qualquer negação que Jesus
Cristo "veio em carne", (1 João 4:2). Paulo diz que
Cristo realizou sua obra de reconciliação "no corpo da sua carne"
isso quer dizer que Cristo pela sua morte nos reconciliou com DEUS,(Colossense 1:22; Efésio 2:15), e que ao
enviar Seu Filho "em semelhança de carne pecaminosa" Deus
"condenou ... na carne, o pecado" (Romanos 9:3). Paulo se
refere a Cristo que morreu "na carne" (no grego sarki, modo dativo de referência) por alguém (1 Pedro 3:18; e 4:1. Todos esses
textos mostram de diversas maneiras que Cristo garante a salvação porque veio
em "carne" e morreu "na carne".
Nesse sentido teológico, "carne" não é de
maneira nenhuma alguma coisa que o homem possui, mas é antes uma coisa que o
homem é, sinalizado pela fraqueza e fragilidade próprias da criatura e nesse
particular aparece em contraste com "espírito", a eterna e
inextinguível energia que pertence a Deus e é Deus.
Por consequência, dizer que Jesus Cristo veio e
morreu "na carne" é afirmar que ele veio e morreu no estado sob as
condições da vida física e psíquica criada, isto é, aquele que viveu e morreu
era homem. Por outro lado, afirma também que aquele que morreu eternamente era
e continua a ser Deus. A fórmula que emoldura a encarnação, portanto, é que, em
algum sentido, sem ter deixado de ser Deus, Deus se fez homem. Isto é
exatamente o que João afirma "O Verbo" (agente de Deus na criação,
que "no princípio", antes da criação, não apenas "estava com
Deus", mas era em si mesmo "Deus" ,João 1:1-3 e "se fez carne" João 1:14.
A origem da crença
Considerando o pano de fundo do Antigo Testamento, a afirmação da encarnação dentro de um conceito do monoteísmo,
pode parecer blasfêmia e sem sentido, como assim considera o Judaísmo ortodoxo. Significaria que o próprio criador se tornou uma de suas
próprias criações o que é uma contradição teológica. Acreditava-se
anteriormente que a origem judaica seria um sobre-humano pré-existente "Messias",
ou então vinculados dos mitos de outras religiões politeístas que acreditam em
deuses redentores, típica das religiões helenista e dos gnósticos.
A cristologia moderna tem demonstrado que uma reivindicação
virtual de deidade está inclusa no Novo Testamento, nos próprios dizeres de Jesus
histórico, conforme registrado nos evangelhos sinóticos e que a aceitação dessa
reivindicação era fundamental para a fé e a adoração da igreja primitiva da
Palestina, conforme relatado nos Atos dos Apóstolos, de historicidade
substancial. O fato é que a própria vida, ministério morte e ressurreição de
Jesus convenceu seus discípulos a respeito da sua deidade. Antes mesmo do dia
de Pentecostes os primeiros crentes já oravam a Jesus, chamando-O de Senhor (Atos 1:21) e batizavam em
seu nome(Atos 2:38) e tinham fé no
seu nome(Atos 3:16) e o proclamavam
como aquele que concede arrependimento e remissão de pecados (Atos 5:31), o que é
atributo exclusivamente de Deus. Apesar de Atos dos Apóstolos não afirmar
categoricamente a deidade de Jesus fazia parte da fé dos cristãos.
A formulação teológica sistemática da crença na
encarnação veio depois, mas a própria crença já estava presente na igreja desde
o principio.
No Novo Testamento
Os escritores do Novo Testamento, em particular João, Paulo e o autor de Hebreus, não
falam em parte alguma ou tratam das questões metafísicas do modo da encarnação
ou de questões psicológicas do estado de encarnado, isto só veio surgir de
forma proeminente no século IV nas discussões cristológicas, em especial no Concílio de Calcedônia, no ano de
451. Eles estavam preocupados em demonstrar a pessoa de Jesus, exibição de sua
obra e principalmente na vindicação da posição central no propósito redentor de
Deus. O único sentido que os escritores tentam explicar a encarnação é
mostrando como isso que aplica no plano que Deus traçou para redimir a
humanidade. (Romanos 8:3; João 1:18; Hb:1-2; Hb:4-5;
Hb 7-10)
Interessante observar que os escritores do Novo Testamento não discutem a respeito do
nascimento virginal de Jesus como testemunho da conjunção entre a deidade e a
humanidade da sua pessoa. Essa linha tem sido explorada somente na teologia
recente. Entretanto, os escritores não ignoram esse fato, mas eles focam no
propósito da salvação proposta por Deus. Os dois escritores que narram o
nascimento virginal (Mateus e Lucas) colocam ênfase não no mistério do
nascimento, mas sim que Deus começou a cumprir a sua intenção de que visitaria
e redimiria o seu povo. O ponto de vista é apenas soteriológico.
Os escritores percebem que tanto a deidade como a
humanidade de Jesus são elementos fundamentais em sua obra salvadora. Da mesma
forma que a divina filiação de Jesus garante a interminável duração, a
perfeição impecável e a eficácia sem limites de sua obra sumo-sacerdotal (Hebreus 7:3,Hb:16,
Hb:24-28), assim também a sua deidade foi capaz de derrotar o diabo
"valente" que mantinha os pecadores num estado de impotente
cativeiro. (Hb 2:14ss; Ap 20:1ss)
Semelhantemente os escritores percebem que era
necessário que o Filho de Deus fosse feito carne, pois
somente assim poderia tomar o lugar como segundo homem , através de quem Deus
trata a raça humana. (1 Coríntios 15:21) Somente
dessa maneira poderia ser o mediador entre Deus e os homens (Timóteo 2:5), e somente
assim poderia morrer em favor dos pecadores, pois somente tendo carne é que
poderia morrer. O pensamento da encarnação no Novo Testamento está de tal modo
ligado que não se aplica esse termo à humanidade de Jesus em seu estado
glorificado e incorruptível. Os "dias da suas carne" Hebreus 5:7 significam o tempo que ele passou no mundo até o
dia da cruz.
João se preocupa em deixar clara a questão de Jesus
verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, combatendo, então o
posicionamento contrário como sendo um espírito do anticristo, uma linha
cristológica docético de Cerinto, que negava a realidade da carne e,
portanto, negava a encarnação e consequentemente a morte física, portanto
negando o Pai assim como o Filho. Essa ênfase de João além de ser observada nas
suas duas primeiras epístolas é notada no evangelho, quando mostra a realidade
da experiência da fraqueza humana de Jesus: cansaço João 4:6; sede João 4:7, João 19:28 lágrimas João 11:33) tinham a clara
intenção de combater o ensino docético.
A Irmandade polonesa do século 17 interpretou a encarnação da palavra
como a encarnação do plano de Deus em um descendente de Abraão, e não como a encarnação literal de uma pessoa que já
existia antes de seu nascimento no céu.
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