quinta-feira, 5 de abril de 2012

ENCARNAÇÃO


ENCARNAÇÃO DENTRO DA RELIGIÃO
Encarnação (do latim in carnare, "fazer-se carne") é um conceito religioso presente no cristianismo, budismo, hinduísmo e rastafarianismo.
Encarnação não é o mesmo que reencarnação; a Bíblia fala da encarnação do Verbo para enfatizar que Deus fez-se homem (João 1.14; 1Timóteo 3.16), pois Jesus veio em carne (1João 4.1,2).
A Reencarnação é a ação de encarnar-se sucessivas vezes ou seja, derivada do conceito aceito por doutrinas religiosas e filosóficas de que, na morte física, a alma não entra num estágio final, mas volta ao ciclo de renascimentos. Heródoto menciona esta doutrina como sendo de origem egípcia, sendo que a reencarnação se dava instantaneamente após a morte, passando a alma para uma criatura que estava nascendo (que poderia ser da terra, da água ou do ar), percorrendo todas as criaturas em um ciclo de três mil anos. Platão já tratava deste conceito em suas obras. Atualmente, esta crença é defendida por religiões de origem hinduístas e espiritualistas. É chamada também de transmigração da alma e Metempsicose (esta última mais encontrado em filosofias orientais, onde a alma pode regressar em corpos de animais).
Encarnação no cristianismo
O substantivo encarnação ou o adjetivo encarnado não são encontrados na Bíblia, mas o equivalente grego do latim "in carne" (τη σαρκι ,en sarki, "na carne") se encontra em algumas declarações importantes no Novo Testamento a respeito da pessoa e obra de Jesus Cristo. Em 1 Timóteo 3:16 fala sobre "Aquele que foi manifesto na carne". João atribui ao espírito do anticristo qualquer negação que Jesus Cristo "veio em carne", (1 João 4:2). Paulo diz que Cristo realizou sua obra de reconciliação "no corpo da sua carne" isso quer dizer que Cristo pela sua morte nos reconciliou com DEUS,(Colossense 1:22; Efésio 2:15), e que ao enviar Seu Filho "em semelhança de carne pecaminosa" Deus "condenou ... na carne, o pecado" (Romanos 9:3). Paulo se refere a Cristo que morreu "na carne" (no grego sarki, modo dativo de referência) por alguém (1 Pedro 3:18; e 4:1. Todos esses textos mostram de diversas maneiras que Cristo garante a salvação porque veio em "carne" e morreu "na carne".
Em teologia do cristianismo chama-se a vinda de Jesus como encarnação e a sua morte de expiação.
Nesse sentido teológico, "carne" não é de maneira nenhuma alguma coisa que o homem possui, mas é antes uma coisa que o homem é, sinalizado pela fraqueza e fragilidade próprias da criatura e nesse particular aparece em contraste com "espírito", a eterna e inextinguível energia que pertence a Deus e é Deus.
Por consequência, dizer que Jesus Cristo veio e morreu "na carne" é afirmar que ele veio e morreu no estado sob as condições da vida física e psíquica criada, isto é, aquele que viveu e morreu era homem. Por outro lado, afirma também que aquele que morreu eternamente era e continua a ser Deus. A fórmula que emoldura a encarnação, portanto, é que, em algum sentido, sem ter deixado de ser Deus, Deus se fez homem. Isto é exatamente o que João afirma "O Verbo" (agente de Deus na criação, que "no princípio", antes da criação, não apenas "estava com Deus", mas era em si mesmo "Deus" ,João 1:1-3 e "se fez carne" João 1:14.
A origem da crença
Considerando o pano de fundo do Antigo Testamento, a afirmação da encarnação dentro de um conceito do monoteísmo, pode parecer blasfêmia e sem sentido, como assim considera o Judaísmo ortodoxo. Significaria que o próprio criador se tornou uma de suas próprias criações o que é uma contradição teológica. Acreditava-se anteriormente que a origem judaica seria um sobre-humano pré-existente "Messias", ou então vinculados dos mitos de outras religiões politeístas que acreditam em deuses redentores, típica das religiões helenista e dos gnósticos.
A cristologia moderna tem demonstrado que uma reivindicação virtual de deidade está inclusa no Novo Testamento, nos próprios dizeres de Jesus histórico, conforme registrado nos evangelhos sinóticos e que a aceitação dessa reivindicação era fundamental para a fé e a adoração da igreja primitiva da Palestina, conforme relatado nos Atos dos Apóstolos, de historicidade substancial. O fato é que a própria vida, ministério morte e ressurreição de Jesus convenceu seus discípulos a respeito da sua deidade. Antes mesmo do dia de Pentecostes os primeiros crentes já oravam a Jesus, chamando-O de Senhor (Atos 1:21) e batizavam em seu nome(Atos 2:38) e tinham fé no seu nome(Atos 3:16) e o proclamavam como aquele que concede arrependimento e remissão de pecados (Atos 5:31), o que é atributo exclusivamente de Deus. Apesar de Atos dos Apóstolos não afirmar categoricamente a deidade de Jesus fazia parte da fé dos cristãos.
A formulação teológica sistemática da crença na encarnação veio depois, mas a própria crença já estava presente na igreja desde o principio.
No Novo Testamento
Os escritores do Novo Testamento, em particular João, Paulo e o autor de Hebreus, não falam em parte alguma ou tratam das questões metafísicas do modo da encarnação ou de questões psicológicas do estado de encarnado, isto só veio surgir de forma proeminente no século IV nas discussões cristológicas, em especial no Concílio de Calcedônia, no ano de 451. Eles estavam preocupados em demonstrar a pessoa de Jesus, exibição de sua obra e principalmente na vindicação da posição central no propósito redentor de Deus. O único sentido que os escritores tentam explicar a encarnação é mostrando como isso que aplica no plano que Deus traçou para redimir a humanidade. (Romanos 8:3; João 1:18; Hb:1-2; Hb:4-5; Hb 7-10)
Interessante observar que os escritores do Novo Testamento não discutem a respeito do nascimento virginal de Jesus como testemunho da conjunção entre a deidade e a humanidade da sua pessoa. Essa linha tem sido explorada somente na teologia recente. Entretanto, os escritores não ignoram esse fato, mas eles focam no propósito da salvação proposta por Deus. Os dois escritores que narram o nascimento virginal (Mateus e Lucas) colocam ênfase não no mistério do nascimento, mas sim que Deus começou a cumprir a sua intenção de que visitaria e redimiria o seu povo. O ponto de vista é apenas soteriológico.
Os escritores percebem que tanto a deidade como a humanidade de Jesus são elementos fundamentais em sua obra salvadora. Da mesma forma que a divina filiação de Jesus garante a interminável duração, a perfeição impecável e a eficácia sem limites de sua obra sumo-sacerdotal (Hebreus 7:3,Hb:16, Hb:24-28), assim também a sua deidade foi capaz de derrotar o diabo "valente" que mantinha os pecadores num estado de impotente cativeiro. (Hb 2:14ss; Ap 20:1ss)
Semelhantemente os escritores percebem que era necessário que o Filho de Deus fosse feito carne, pois somente assim poderia tomar o lugar como segundo homem , através de quem Deus trata a raça humana. (1 Coríntios 15:21) Somente dessa maneira poderia ser o mediador entre Deus e os homens (Timóteo 2:5), e somente assim poderia morrer em favor dos pecadores, pois somente tendo carne é que poderia morrer. O pensamento da encarnação no Novo Testamento está de tal modo ligado que não se aplica esse termo à humanidade de Jesus em seu estado glorificado e incorruptível. Os "dias da suas carne" Hebreus 5:7 significam o tempo que ele passou no mundo até o dia da cruz.
João se preocupa em deixar clara a questão de Jesus verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, combatendo, então o posicionamento contrário como sendo um espírito do anticristo, uma linha cristológica docético de Cerinto, que negava a realidade da carne e, portanto, negava a encarnação e consequentemente a morte física, portanto negando o Pai assim como o Filho. Essa ênfase de João além de ser observada nas suas duas primeiras epístolas é notada no evangelho, quando mostra a realidade da experiência da fraqueza humana de Jesus: cansaço João 4:6; sede João 4:7, João 19:28 lágrimas João 11:33) tinham a clara intenção de combater o ensino docético.
A Irmandade polonesa do século 17 interpretou a encarnação da palavra como a encarnação do plano de Deus em um descendente de Abraão, e não como a encarnação literal de uma pessoa que já existia antes de seu nascimento no céu.

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