sábado, 17 de novembro de 2012

Comentário sobre Gênesis


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De onde  
   
  Veio o mal
     E
 Quem o criou?









Como e de onde veio o mal? Quem criou o mal? Como o mal entrou no mundo, por que somos tentados pelo mal?
Quem criou o mal? Na verdade é difícil acreditar que Deus tenha criado o mal, pois entendemos que Deus é bom, e tudo o que Ele faz é bom. Mas se a Palavra do próprio Deus, diz que Ele é o único criador, com certeza o mal foi criado por Deus, na verdade Deus só criou o mal, pois o bem faz parte da essência de Deus, faz parte da natureza de Deus, Deus é o próprio bem e só faz o bem para aqueles que chegam até Ele. Portanto qualquer que faz o bem não está longe de Deus. Lc. 25: 7; Mc. 12: 28 – 34.
Mas porque Deus teria criado o mal, qual a finalidade de Deus em criar o mal? Talvez se o mal não existisse, o bem não seria identificado, o Bem não seria notado, nós não iríamos desfrutar do amor de Deus, do perdão, do nome de Jesus, do sangue de Jesus, da vitória de Jesus na cruz do calvário, da salvação. I Co. 1: 18 – 24; Cl. 2: 8: 15; Jô. 3: 14 – 17. Se o mal não existisse, nós não teríamos o direito de escolha, pertenceríamos a um deus ditador, que nos teria feito para satisfazer o seu ego, um Deus que não nos daria o direito de escolha. Graças a Deus, porque Ele nos dá o direito de escolha e de como servi-lo. II Cr. 28 – 9; Pv. 23: 26.
            Como compreender a criação do mal? Primeiro temos que entender que antes de existir os céus, e o céu dos céus, os anjos e os homens, Deus já existia. Gn. 1: 1; Cl. 1: 15 – 17; Gn. 1: 26; Jô. 1: 1- 3.
Para Deus criar as coisas boas e as coisas más, Deus precisaria criar antes o direto de escolha de anjos e de homens, más, enfim o bem ou o mal. Mt. 7: 13 e 14; Dt. 11: 26; Dt. 30: 19; Jr. 8: 3.
O direito de escolher, Deus deu aos anjos e aos homens. Jesus como homem também teve o direito de escolha. Jesus poderia ter escolhido as coisas más, mas por amor a nós e não por amor a si próprio Ele optou pelas coisas boas. Lc. 4: 1 – 13, Fl. 2: 4 – 11.
Agora vemos outro homem que também teve a oportunidade de escolher as coisas boas e com isto salvar toda humanidade, mas ele escolheu as coisas más e condenou a morte toda à humanidade. Gn. 2; 4 – 17; Gn. 3: 1 – 6; Rm. 5: 12 – 19.
Como compreender este mistério, quando Deus fez os anjos Deus deu vida a eles, pois os anjos mesmo sendo espírito. Hb. 1; 13 e 14, eles tem vida, junto com a vida, Deus colocou o direito de escolha, Deus colocou diante deles o bem e o mal. Gn. 2: 9. Os acontecimentos de Adão e Eva no Éden é uma simbologia do acontecimento no Céu com os anjos, da mesma forma que Adão e Eva optaram por escolher a desobediência, ou seja, (O mal). Gn. 2: 9 – 17.. Os anjos, Lúcifer e mais uma terça parte dos anjos, da mesma forma optaram por escolher o mal, e com consequência se tornaram Satanás e seus demônios, e foram condenados a viverem na escuridão, tendo como destino certo o inferno. Is. 14; 12 – 17; Ez. 28: 13 – 17; Lc. 10: 17 – 20; Ap. 12: 1 – 4.
A incredulidade de alguns estudiosos da Palavra tem feito eles a acreditar e a ensinar que Deus não criou o Mal, isto e crer que além de Deus existe outro criador. Pensar desta forma é heresia. Is. 45: 6 e 7; Lamentações 3: 37 e 38 e Rm. 11: 33 – 36.           
O livre arbítrio nos impede de transferir responsabilidade, ou culpar a Deus, ou outras pessoas, a decisão é única e exclusivamente pessoal. Gn. 2; 15 – 17; Gn. 3: 11 – 13. Vemos aqui que Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, Eva e Adão desobedeceram a Deus, porque quiseram, foi responsável por escolherem o mal, a escolha foi unicamente deles.
O segredo deste mistério está no livre arbítrio. O livre arbítrio está dentro dos anjos, e dentro dos homens, é uma regra que Deus deu aos anjos, e aos homens, e Deus não quebra! Pois, Deus não quebra as regras que Ele mesmo cria. Quem decide se quer o caminho do bem, ou o caminho do mal, somos nós e também os anjos. O livre arbítrio é o Poder de decidir, este é um direito dos anjos e dos homens, e Deus não interfere nesta decisão, esta é uma decisão pessoal.
Apesar de Deus ter criado o mal, é da vontade de Deus que os anjos e os homens não encolhessem o caminho do mal, mas sim o caminho do bem, mas Lúcifer e uma terça parte dos anjos escolheram o caminho do mal. Assim como grande parte da população mundial. Mas Deus insiste através do Evangelho que todos os homens peguem o caminho do bem. Mt. 12: 35; Tg. 4: 17; III Jô. 11; I Tm. 2: 3 e 4.
O mal não pode ter vindo de outra criação sem ser do próprio Deus; se dissermos que o mal não veio de Deus, logo ele tem outro criador, nesse caso, não podemos afirmar que Deus É (um só), e sim, são (deuses), ou seja, teriam dois criadores: o do bem (Deus) e o do mal (Satanás). Está escrito que Deus disse: Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço o bem, e crio o mal; eu sou o Senhor que faço todas estas coisas. (Is. 45; 7). Temos que deixar bem coerente que ele cria e não faz, ou seja, ele cria e não faz mal. Sabemos que o mal surgiu na historia por lúcifer, e nos contagiou por Adão.
O mal surgiu no coração de lúcifer, seja ele quem foi antes da queda: querubim ou não, sabe-se que ele, o mal surgiu em seu coração que se encheu de inveja. Portanto, ele conhecia somente o bem e desejou conhecer o mal, diferente de Eva, a qual ele a induziu a comer do fruto: ficarás conhecedora do bem e do mal (Gn 3.5). Alguns escritos judaicos falam sobre a intenção do diabo (Deus não criou o diabo e sim lúcifer; ele tornou-se com o desejo mal que permitiu entrar em seu coração), pois aqui já estava transformado em diabo. Lúcifer foi criado para cuidar e dominar a terra que habitava. Quando desejou tomar o lugar de Deus, ele perdeu o direito sobre a terra, com isso, Deus a entregou ao homem. Daí começa a luta entre o diabo e o homem.
É tudo que se diz e é tudo o que se precisa dizer: se há um Deus, o Diabo é um detalhe! Bem e Mal vêm de Deus! Deus não é o mal, justamente por isso o mal pode vir Dele sem ser Ele!
Ele é bom, mas Nele a bondade não é um exercício espiritual e muito menos moral. Bondade é sua natureza. Portanto, mesmo quando Ele permite o mal, quando o consente ou o envia, o faz visando um bem maior, pois Ele é bom e sua misericórdia dura para sempre (Caio Fabio).
De acordo com alguns teólogos, a terra foi criada há 6 mil anos. O que Deus fazia nesse tempo, se Ele é eterno? Antes que existisse uma estrela a brilhar, antes que houvesse anjos a cantar, já havia um céu, o lar do Eterno, e único Deus. (Jó 38:7; Sl 90:2)
O Deus Eterno com muito amor criou. Suas mãos moldaram primeiramente um mundo de luz, e sobre ele uma montanha cintilante sobre a qual estaria para sempre firmado o trono do Universo. Ao monte sagrado que Deus denominou: Sião.

Da base do trono, o Criador fez jorrar um rio cristalino, para representar a vida que dele fluiria para todas as criaturas.
Como sala do trono, criou um lindo paraíso que se estendia por centenas de quilômetros ao redor do monte Sião. Ao paraíso denominou Éden.
Ao sul do paraíso, em ambas as margens do rio da vida, foram edificadas numerosas mansões adornadas de pedras preciosas, que se destinavam aos anjos, os ministros do reino da Luz.
Circulando o Éden e as mansões angelicais, construiu Deus uma muralha de jaspe luzente, ao longo da qual podiam ser vistos grandes portais de pérolas.
Com alegria, o Criador contemplou a capital sonhada.
Carinhosamente, o Soberano a denominou: Jerusalém, a cidade da paz.
Deus estava para trazer à existência a primeira criatura racional. Seria um anjo glorioso, de todo o mais honrado. Adornado pelo brilho das pedras preciosas, esse anjo viveria sobre o monte Sião, como representante do Rei dos reis diante do Universo.
Com muito amor, o Criador passou a modelar o querubim ungido. Toda sabedoria aplicou ao formá-lo, fazendo-o perfeito. Com ternura concedeu-lhe a vida; o formoso anjo, como que despertando de um profundo sono, Abriu os olhos e contemplou a face de seu Autor.·.
Com alegria, o Eterno mostrou-lhe as belezas do paraíso, falando-lhe de seus planos, que começavam a se concretizar. Ao ser conduzido ao lugar de sua morada, junto ao trono, o querubim ficou agradecido e, com voz melodiosa, entoou seu primeiro cântico de louvor.
Das alturas de Sião, descortinava-se, aos olhos do formoso anjo, Jerusalém em sua vastidão e esplendor. O rio da vida, ao deslizar sereno em meio à cidade, assemelhava-se a uma larga avenida, espelhando as belezas do jardim do Éden e das mansões angélicas.
Envolvendo o querubim com seu manto de luz, o Eterno passou a falar-lhe dos princípios que haveriam de reger o reino universal. Leis fixas que deveriam ser respeitadas em toda a extensão do governo divino.
Já as leis morais resumiam-se em dois princípios básico: amar a Deus sobre todas as coisas e viver na fraternidade com todas as criaturas. Cada criatura racional deveria ser um canal por meio do qual o Eterno pudesse relacionar-se, vida e luz. Dessa forma, o Universo cresceria em harmonia, felicidade e paz.

Depois de revelar ao formoso anjo as leis de seu governo, o Eterno confiou-lhe uma missão de grande responsabilidade: seria o protetor daquelas leis, devendo honrá-las e revelá-la ao Universo prestes a ser criado. Com o coração transbordante de amor a Deus e aos semelhantes, caber-lhe-ia ser um modelo de perfeição: Lúcifer, o portador da luz.
O querubim; agradecido por tudo, prostrou-se ante o amoroso rei, prometendo-lhe eterna fidelidade.
O Eterno continuou sua obra de criação, trazendo às existências inumeráveis hoste de anjos, os ministros do reino de Deus. A Cidade santa ficou povoada por essas criaturas radiantes que, felizes e gratas, uniam as vozes em belíssimos cânticos de louvor ao criador.
Deus traria agora à existência o Universo que, repleto de vida, giraria em torno de seu trono firmado em Sião. Acompanhado por seus ministros, partiu para a grandiosa realização.
Depois de contemplar o vazio imenso, o Criador ergueu as poderosas mãos, ordenando a materialização das multiformes maravilhas que haveriam de compor o cosmo. Sua ordem, qual trovão, ecoou por toda a parte, fazendo surgir, como que por encanto, galáxias sem conta, repletas de mundo e sóis, paraíso de vida e alegria, tudo girando em harmonia em torno do monte Sião.
Ao presenciarem tão grande feito do supremo Rei, as hostes angelicais prostraram-se, fazendo ecoar pelo espaço iluminado um cântico de triunfo, em saudação à vida. Todo o Universo uniu-se nesse cântico de gratidão, em promessa de eterna fidelidade ao criador.
Guiados pelo Eterno, os anjos passaram a conhecer as riquezas do Universo. Nesse caminho pelo cosmos ficaram admirados ante a vastidão do reino de Deus. Por todas as partes encontravam mundo habitados por criatura felizes que os recebiam em festa. Os anjos saudavam-no com cânticos que falavam das boas obras daquele reino de paz.
Tão precisa como a vida, a liberdade de escolha, através da qual as criaturas poderiam demonstrar seu amor ao criador, era exigir um teste de fidelidade. Com propósito de revelá-lo, o Eterno conduziu as hostes (o espaço iluminado) até se aproximarem de um abismo de treva que contrastava com o imenso brilho das galáxias.
Ao longe, esse abismo revelara-se insignificante aos olhos dos anjos, como um pontinho sem luz; Mas à medida de sua aproximação, mostrou-se em sua enormidade. O criador, que a cada passo revelava aos anjos os mistérios de seu reino, ficou ali silencioso, como que guardando para si um segredo. As trevas daquele abismo consistiam no teste da fidelidade. Voltando-se para as hostes, o Eterno solenemente afirmou:
“- Todos os tesouros da luz estarão abertos o vosso conhecimento, menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois livres para me servirem ou não. Amando a luz estéril ligado a fonte da vida”.
Com estas palavras, fez Deus separação entre a luz e as trevas, o bem e o mal. O Universo era livre para escolher seu destino.
Logo, o sonho do criador se concretizara. Agora como Pai carinhoso, conduzia as criaturas através de uma eternidade de harmonia e paz. Em virtude do cumprimento das leis divinas, o Universo expandia-se em felicidade e glória.
Em Jerusalém, os ministros do reino reuniam-se ante o soberano Rei, sempre pronto a cumprir os seus propósitos. Eram através de Lúcifer que o Eterno tornava manifesto os seus desígnios. Depois de receber uma revelação, ele prontamente a transmitia às hostes angelicais. Estas por sua vez, as compartilhavam com a criação. Em célere voo, os anjos caminhavam para as terras planetas capitais, onde, em grandes assembleias, reuniam-se os representantes dos demais mundos.
Em muitas dessas assembleias, Lúcifer fazia-se presente, enchendo os participantes de alegria e admiração. Perfeito em todas as virtudes, ele os cativava com sua simpatia. Nenhum outro anjo conseguia revelar como ele os mistérios do amor do Eterno.
-O Universo, alimentando-se da fonte da vida, expandia-se numa eternidade de perfeita paz. A obediência às leis divinas era o fundamento de todo progresso e felicidade. Ainda que consciente do livre-arbítrio, jamais subiria ao coração de qualquer criatura o desejo de se afastar do criador. Assim foi por muito tempo, até que tal problema irrompeu na vida daquele que foi o mais íntimo do Eterno.
Lúcifer, que dedicara sua vida ao conhecimento dos mistérios da luz, sentiu-se aos poucos atraído pelas trevas. O Rei do Universo, aos olhos de quem nada pode ser encoberto, acompanhou com tristeza os seus passos no caminho descendente que leva à morte.
A principio, uma pequena curiosidade levou Lúcifer a se aproximar daquele abismo profundo. Contemplando-o, ele começou a indagar o porquê de não poder compreender o seu enigma.
Retornando a seu lugar de honra, junto ao trono, prostrou-se ante ao divino Rei, suplicou-lhe:
Pai dá-me a conhecer os segredos das trevas, assim como me revelas a luz.
Ante o pedido do formoso anjo, o Eterno, com voz expressiva de tristeza, disse-lhe:
Meu filho, você foi criado para a luz, que é vida.
Convencendo-se de que o Criador não lhe revelaria os tesouros das trevas, Lúcifer decidiu compreender por si mesmo o enigma. Julgava-se capacitado para tanto.
Só Deus sabia o que se passava no coração de Lúcifer. O anjo, que fora criado para ser o portador da luz, estava divorciando-se em pensamentos do bondoso criador que, num esforço de impedir o desastre, rogava-lhe permanecer a seu lado.
Uma tremenda luta passou a travar-se em seu íntimo. O desejo de conhecer o sentido das trevas era imenso. Contudo, os rogos daquele amoroso Pai, a quem não queria também perder, o torturavam.  Vendo o sofrimento que sua atitude causava ao Criador, às vezes demonstrava arrependimento, mas voltava a cair.
Antes de Criar o Universo, Deus já previra a possibilidade de uma rebelião. O risco de conceder liberdade às criaturas era imenso, mas sem este dom, a vida não teria sentido.
Ele queria que a obediência fosse fruto de reconhecimento e amor, por isso decidiu correr o grande risco.
Ainda que prosseguisse na busca do sentido das trevas, Lúcifer não pretendia abandonar a luz. Esforçava-se para chegar a uma combinação entre essa parte que, no reino do Eterno, coexistiam separadas. Finalmente, com um sentimento de exaltação, concebeu uma teoria enganosa, que pretendia apresentar ao Universo como um novo sistema de governo, superior ao governo do Eterno. Denominou sua Lei “a ciência do bem e do mal”.
A ciência do bem e do mal se revelou atraente aos olhos de Lúcifer, parecendo descerrar um sentido de vida superior àquele oferecido pelo criador, cujo reino possibilitava unicamente o conhecimento experimental do bem. No novo sistema, havia equilíbrio entre o bem e o mal, entre o amor e o egoísmo, entre a luz e as trevas.
Ao longo do tempo em que amadurecera em sua mente a ciência do bem e do mal, Lúcifer soube guardar segredo diante do Universo. Continuava em seu posto de honra, cumprindo a função de portador da luz. Contudo, por mais que procurasse fingir, seu semblante já não revelava alegria em servir ao Eterno.
O divino Rei, que sofria em silêncio, procurava, por meio de suas revelações de amor, preparar as criaturas racionais para a grande prova que se aproximava. Sabia que muito daria ouvido â tentação, voltando-lhe as costas. A noite da provação faria sobressair, contudo, os verdadeiros fiéis – aqueles que serviam ao criador não por interesse, mas por amor.
Ao ver que a hora da prova chegara, e que Lúcifer estava pronto para traí-lo diante do Universo, o Eterno, que jamais cessaria de revelar os tesouros de sua sabedoria, tornou-se silencioso e contemplativo. O silêncio fez reviver no coração das hostes a lembrança daquele caminho pelo cosmos, quando, depois de lhe mostrar as riquezas do reino de Deus, o Senhor tornou-se silencioso ante aquele abismo. Lembra-se de suas palavras: “Todos os tesouros da luz estarão aberto ao vosso conhecimento, menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois para me servirem ou não. Amando a luz estarei ligado à fonte da vida”.
Lúcifer, que passara a cobiçar o trono de Deus, indagou-lhe o motivo de seu silencio. O criador, contemplando-o com infinita tristeza, disse-lhe: “É chegada à hora das trevas. Você é livre para realizar seus propósitos”.
Vendo que o momento propício para a propagação de sua teoria havia chegado, Lúcifer convocou os anjos para uma reunião especial. As hostes, desejosas de conhecer o significado do silencio do Pai, tomaram seus lugares junto ao magnífico anjo, que sempre lhes revelara os tesouros do reino de Deus.
Lúcifer começou seu discurso exaltando, como de costume, o governo do Eterno. Num amplo retrospecto, lembrou-lhes as grandiosas revelações que os enriquecera em toda aquela eternidade.
O silencio divino, apresentou-o como sendo a indicação de que o Universo alcançara a plenitude do conhecimento oriundo da luz. Silenciando, o Eterno abria-lhes caminho para o entendimento de mistérios ainda não sondados, mantidos até então além dos limites de seu governo.

Surpresas, as hostes tomaram conhecimento da experiência de Lúcifer sobre as trevas. Com eloquência, ele falou-lhes da ciência do bem e do mal, indicando-a como o caminho das maiores realizações.

O efeito de suas palavras logo se fez sentir em todo o Universo. A questão era decisiva e explosiva, gerando pela primeira vez discórdia. Os seres racionais, em sua prova, tinham de optar por permanecer somente com o conhecimento da luz, o qual Lúcifer afirmava haver chegado seu limite, ou se aventurar no conhecimento da ciência do bem e do mal. No começo, os anjos debateram-se diante da questão, sendo logo todo o Universo posto à prova. Dir-se-ia que a ciência do bem e do mal haveria de arrebanhar a maior parte das criaturas, mas, aos poucos, muitos que a principio se empolgaram com a teoria, despertaram para a ilusão da mesma, reafirmando sua fidelidade ao reino de Deus. Ao fim desse conflito, que se arrastou por longo tempo, revelou-se um terço das estrelas do céu ao lado de Lúcifer, e as restantes, ainda que abaladas pela prova ao lado do eterno.
A ciência do bem e do mal fora apregoada por Lúcifer como um novo sistema de governo. Mas como exercê-lo, se o eterno continuava reinando em Sião? O conselho, formado pelos anjos rebeldes, passou a tratar disso. Decidiram, finalmente, solicitar-lhe o trono por um tempo determinado, no qual poderiam demonstrar a excelência do novo sistema de governo. Caso fosse aprovado pelo Universo, o novo sistema se estabeleceria para sempre; caso contrário, o domínio retornaria ao criador. Foi assim que Lúcifer, acompanhado por suas hostes, aproximou-se d’aquele Pai sofredor, fazendo-lhe tal pedido.
O eterno não era ambicioso, apenas queria bem às suas criaturas. Se a ciência do bem e do mal consistisse realmente num bem maior, não se oporia à sua implantação, cedendo o trono a seus defensores. Mas ele sabia que aquele caminho conduzia à infelicidade e à morte.
Movido por seu amor protetor, o criador desatendeu o pedido das hostes rebeldes, que se afastaram enfurecidas. Lúcifer e suas hostes passaram a acusar o divino Rei, proclamando ser o seu governo de tirania.
Afirmavam ser sua permanência no trono a mais patente demonstração de sua arbitrariedade. Não lhes concedera liberdade de escolha? Por que neutralizá-la agora, impedindo-os de pôr em pratica um sistema de governo superior? As acusações das hostes rebeldes repercutiram por todo o Universo, fazendo parecer que o governo do Eterno era injusto. Isto trouxe profunda angustia àqueles que permaneciam fiéis ao reino da luz. Não sabendo como refutar tais acusações, essas criaturas, emudecidas pela dor moral, ansiavam pelo momento em que novas revelações procedentes do criador pudessem aclamar-lhes os mistérios desse grande conflito.
As acusações e blasfêmias das hostes rebeldes alcançavam o ponto culminante: quando o eterno, num gesto surpreendente, ergueu-se de seu trono, como que pronto a deixá-lo. Os infiéis, na expectativa de uma conquista, aquietaram-se enquanto um sentimento de temor penetrava no coração dos súditos da luz. Entregá-lo-ia o domínio de toda a criação, para livrar-se das vis acusações? De acordo com a lógica a partir da qual Lúcifer fundamentava seus ensinamentos, não restava alternativa ao criador. Nesta tremenda expectativa, o Universo acompanhava os passos de Deus.
Num gesto de humildade, o criador despojou-se de sua coroa e de seu manto real, depondo-os sobre o alvo trono. Em seu semblante não havia expressão de ressentimento ou ira, mas de infinito amor e tristeza.
Com solenidade, o Eterno proclamou que o momento decisivo chegara, quando cada criatura deveria selar sua decisão ao lado da luz ou das trevas. Numa ampla revelação, o alertou para as consequências de um rompimento com a fonte da vida.
Lúcifer e seus seguidores estavam conscientes da seriedade daquele momento. Vendo que o trono permanecia vazio, Lúcifer e suas hostes, dominados pelas cobiças, romperam definitivamente com o criador.
Ao ver um terço dos súditos transporem as divisas da eterna separação, Deus deixou extravasar a dor angustiante que por tanto tempo martirizava seu coração, curvando-se em inconsolável pranto. Contemplando seus filhos rebeldes, ergueu a voz numa lamentação dolorosa: “meus filhos, meus filhos! já não posso chamá-los assim! Queria tanto tê-los nos braças meus!
Lembro-me quando os formei com carinho! Vocês surgiram felizes e perfeitos, em acordes de esperança em eterna harmonia!
Vivi para vocês, cobrindo-os de glória e poder! Vocês foram a minha alegria! Por que seus corações mudaram tanto? O que mais poderia eu fazê-los permanecer comigo? Hoje minha alma sofre em dor pela separação eterna! Como olharei para os lugares vazios onde tantas vezes rejubilastes erguendo cânticos festivos, sem me vir à mente um misto da felicidade e dor? Saudade infinita já invade o meu ser, e sei que será eterna!
Hoje o meu coração rompeu e quebrou-se; a cicatriz carregará para sempre! Depois de proclamar em pranto tão dolorosa lamentação, o Eterno, dirigindo-se a Lúcifer, o causador de todo o mal, disse:
“você recebeu um nome ao ser criador. Agora não mais o chamarão Lúcifer, mas Diabo, o senhor das trevas”.
Depois de lamentar a perdição das hostes rebeldes, o Eterno em lentos passos, ausentou-se do jardim do Éden, lugar do trono Universal... Onde seria agora a sua morada...
As hostes fiéis acompanharam reverentes os seus misteriosos passos de abandono, que pareciam descerrar um futuro difícil, de sofrimentos e humilhações. Ocupariam os rebeldes o divino trono, profanando-o como domínio do pecado, daí foi à queda de Lúcifer e seus anjos.