segunda-feira, 1 de agosto de 2016

                            O MEDO É A CONFIRMAÇÃO DO MAL EM NÓS

       O medo é o mal feito absoluto na alma.
O medo decorre do sentimento de fraqueza objetiva e subjetiva.
Nem sempre o medo é objetivo.
Na realidade, na maior parte das vezes, o que o medo imagina é quase sempre pior do que a coisa que se teme.
O medo é a certeza da desproteção!
Por isto aquele que teme não foi ainda aperfeiçoado no amor de Deus, posto que se alguém crê no amor absoluto e fiel de Deus, esse não tema mais nada; visto que mais absoluto do que o medo como certeza de desproteção precisa ser a certeza do cuidado do amor que cuida de medo absoluto.
Ora, o medo produz tormento...
Logo, todo aquele que vive tomado de medos, assim existe porque não se pôs em descanso na confiança absoluta no cuidado divino, ainda quando a mente queira entrar em pânico!
Medo é um estado emocional que surge em resposta a consciência perante uma situação de eventual perigo.
A ideia de que algo ou alguma coisa possa ameaçar a segurança ou a vida de alguém, faz com que o cérebro ative, involuntariamente, uma série de compostos químicos que provocam reações que caracterizam o medo.
O aumento do batimento cardíaco, a aceleração da respiração e a contração muscular são algumas das características físicas desencadeadas pelo medo.
O medo é uma sensação de alerta de extrema importância para a sobrevivência das espécies, principalmente para o ser humano.
Inconscientemente, as características físicas reproduzidas pelo sentimento de medo preparam o corpo para duas prováveis reações naturais: o confronto ou a fuga.

                                       " A Bíblia diz sobre o medo?"
A Bíblia tem muito a dizer sobre o medo. Na verdade, ela menciona dois tipos de medo. O primeiro tipo é benéfico e deve ser encorajado. O segundo tipo é um detrimento e não só deve ser desencorajado, como também superado. O primeiro tipo de medo é o temor de Deus. Esse tipo de medo não é necessariamente um medo que significa ter medo de algo. Ao invés disso, é um temor respeitoso de Deus; uma reverência pelo Seu poder e glória. Esse tipo de medo também é um respeito adequado à Sua ira. Em outras palavras, é um reconhecimento total de tudo que Deus é através de um conhecimento mais profundo dEle e dos Seus atributos.
Temor de Deus traz consigo muitas bençãos e benefícios. Salmo 111:10 diz: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; têm bom entendimento todos os que cumprem os seus preceitos; o seu louvor subsiste para sempre”. Provérbios 1:7 diz: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; mas os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução”. Portanto, podemos ver como tanto a sabedoria quanto o conhecimento começam com o temor a Deus.
Além disso, Provérbios 19:23 diz: “O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e mal nenhum o visitará”. Novamente em Provérbios 14:27: “O temor do Senhor é uma fonte de vida, para o homem se desviar dos laços da morte”. Provérbios 14:26 afirma: “No temor do Senhor há firme confiança; e os seus filhos terão um lugar de refúgio”. Nesses versículos podemos ver que o temor de Deus fornece vida, segurança aos filhos, proteção do maligno, confiança e satisfação.

sábado, 17 de novembro de 2012

Comentário sobre Gênesis


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De onde  
   
  Veio o mal
     E
 Quem o criou?









Como e de onde veio o mal? Quem criou o mal? Como o mal entrou no mundo, por que somos tentados pelo mal?
Quem criou o mal? Na verdade é difícil acreditar que Deus tenha criado o mal, pois entendemos que Deus é bom, e tudo o que Ele faz é bom. Mas se a Palavra do próprio Deus, diz que Ele é o único criador, com certeza o mal foi criado por Deus, na verdade Deus só criou o mal, pois o bem faz parte da essência de Deus, faz parte da natureza de Deus, Deus é o próprio bem e só faz o bem para aqueles que chegam até Ele. Portanto qualquer que faz o bem não está longe de Deus. Lc. 25: 7; Mc. 12: 28 – 34.
Mas porque Deus teria criado o mal, qual a finalidade de Deus em criar o mal? Talvez se o mal não existisse, o bem não seria identificado, o Bem não seria notado, nós não iríamos desfrutar do amor de Deus, do perdão, do nome de Jesus, do sangue de Jesus, da vitória de Jesus na cruz do calvário, da salvação. I Co. 1: 18 – 24; Cl. 2: 8: 15; Jô. 3: 14 – 17. Se o mal não existisse, nós não teríamos o direito de escolha, pertenceríamos a um deus ditador, que nos teria feito para satisfazer o seu ego, um Deus que não nos daria o direito de escolha. Graças a Deus, porque Ele nos dá o direito de escolha e de como servi-lo. II Cr. 28 – 9; Pv. 23: 26.
            Como compreender a criação do mal? Primeiro temos que entender que antes de existir os céus, e o céu dos céus, os anjos e os homens, Deus já existia. Gn. 1: 1; Cl. 1: 15 – 17; Gn. 1: 26; Jô. 1: 1- 3.
Para Deus criar as coisas boas e as coisas más, Deus precisaria criar antes o direto de escolha de anjos e de homens, más, enfim o bem ou o mal. Mt. 7: 13 e 14; Dt. 11: 26; Dt. 30: 19; Jr. 8: 3.
O direito de escolher, Deus deu aos anjos e aos homens. Jesus como homem também teve o direito de escolha. Jesus poderia ter escolhido as coisas más, mas por amor a nós e não por amor a si próprio Ele optou pelas coisas boas. Lc. 4: 1 – 13, Fl. 2: 4 – 11.
Agora vemos outro homem que também teve a oportunidade de escolher as coisas boas e com isto salvar toda humanidade, mas ele escolheu as coisas más e condenou a morte toda à humanidade. Gn. 2; 4 – 17; Gn. 3: 1 – 6; Rm. 5: 12 – 19.
Como compreender este mistério, quando Deus fez os anjos Deus deu vida a eles, pois os anjos mesmo sendo espírito. Hb. 1; 13 e 14, eles tem vida, junto com a vida, Deus colocou o direito de escolha, Deus colocou diante deles o bem e o mal. Gn. 2: 9. Os acontecimentos de Adão e Eva no Éden é uma simbologia do acontecimento no Céu com os anjos, da mesma forma que Adão e Eva optaram por escolher a desobediência, ou seja, (O mal). Gn. 2: 9 – 17.. Os anjos, Lúcifer e mais uma terça parte dos anjos, da mesma forma optaram por escolher o mal, e com consequência se tornaram Satanás e seus demônios, e foram condenados a viverem na escuridão, tendo como destino certo o inferno. Is. 14; 12 – 17; Ez. 28: 13 – 17; Lc. 10: 17 – 20; Ap. 12: 1 – 4.
A incredulidade de alguns estudiosos da Palavra tem feito eles a acreditar e a ensinar que Deus não criou o Mal, isto e crer que além de Deus existe outro criador. Pensar desta forma é heresia. Is. 45: 6 e 7; Lamentações 3: 37 e 38 e Rm. 11: 33 – 36.           
O livre arbítrio nos impede de transferir responsabilidade, ou culpar a Deus, ou outras pessoas, a decisão é única e exclusivamente pessoal. Gn. 2; 15 – 17; Gn. 3: 11 – 13. Vemos aqui que Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, Eva e Adão desobedeceram a Deus, porque quiseram, foi responsável por escolherem o mal, a escolha foi unicamente deles.
O segredo deste mistério está no livre arbítrio. O livre arbítrio está dentro dos anjos, e dentro dos homens, é uma regra que Deus deu aos anjos, e aos homens, e Deus não quebra! Pois, Deus não quebra as regras que Ele mesmo cria. Quem decide se quer o caminho do bem, ou o caminho do mal, somos nós e também os anjos. O livre arbítrio é o Poder de decidir, este é um direito dos anjos e dos homens, e Deus não interfere nesta decisão, esta é uma decisão pessoal.
Apesar de Deus ter criado o mal, é da vontade de Deus que os anjos e os homens não encolhessem o caminho do mal, mas sim o caminho do bem, mas Lúcifer e uma terça parte dos anjos escolheram o caminho do mal. Assim como grande parte da população mundial. Mas Deus insiste através do Evangelho que todos os homens peguem o caminho do bem. Mt. 12: 35; Tg. 4: 17; III Jô. 11; I Tm. 2: 3 e 4.
O mal não pode ter vindo de outra criação sem ser do próprio Deus; se dissermos que o mal não veio de Deus, logo ele tem outro criador, nesse caso, não podemos afirmar que Deus É (um só), e sim, são (deuses), ou seja, teriam dois criadores: o do bem (Deus) e o do mal (Satanás). Está escrito que Deus disse: Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço o bem, e crio o mal; eu sou o Senhor que faço todas estas coisas. (Is. 45; 7). Temos que deixar bem coerente que ele cria e não faz, ou seja, ele cria e não faz mal. Sabemos que o mal surgiu na historia por lúcifer, e nos contagiou por Adão.
O mal surgiu no coração de lúcifer, seja ele quem foi antes da queda: querubim ou não, sabe-se que ele, o mal surgiu em seu coração que se encheu de inveja. Portanto, ele conhecia somente o bem e desejou conhecer o mal, diferente de Eva, a qual ele a induziu a comer do fruto: ficarás conhecedora do bem e do mal (Gn 3.5). Alguns escritos judaicos falam sobre a intenção do diabo (Deus não criou o diabo e sim lúcifer; ele tornou-se com o desejo mal que permitiu entrar em seu coração), pois aqui já estava transformado em diabo. Lúcifer foi criado para cuidar e dominar a terra que habitava. Quando desejou tomar o lugar de Deus, ele perdeu o direito sobre a terra, com isso, Deus a entregou ao homem. Daí começa a luta entre o diabo e o homem.
É tudo que se diz e é tudo o que se precisa dizer: se há um Deus, o Diabo é um detalhe! Bem e Mal vêm de Deus! Deus não é o mal, justamente por isso o mal pode vir Dele sem ser Ele!
Ele é bom, mas Nele a bondade não é um exercício espiritual e muito menos moral. Bondade é sua natureza. Portanto, mesmo quando Ele permite o mal, quando o consente ou o envia, o faz visando um bem maior, pois Ele é bom e sua misericórdia dura para sempre (Caio Fabio).
De acordo com alguns teólogos, a terra foi criada há 6 mil anos. O que Deus fazia nesse tempo, se Ele é eterno? Antes que existisse uma estrela a brilhar, antes que houvesse anjos a cantar, já havia um céu, o lar do Eterno, e único Deus. (Jó 38:7; Sl 90:2)
O Deus Eterno com muito amor criou. Suas mãos moldaram primeiramente um mundo de luz, e sobre ele uma montanha cintilante sobre a qual estaria para sempre firmado o trono do Universo. Ao monte sagrado que Deus denominou: Sião.

Da base do trono, o Criador fez jorrar um rio cristalino, para representar a vida que dele fluiria para todas as criaturas.
Como sala do trono, criou um lindo paraíso que se estendia por centenas de quilômetros ao redor do monte Sião. Ao paraíso denominou Éden.
Ao sul do paraíso, em ambas as margens do rio da vida, foram edificadas numerosas mansões adornadas de pedras preciosas, que se destinavam aos anjos, os ministros do reino da Luz.
Circulando o Éden e as mansões angelicais, construiu Deus uma muralha de jaspe luzente, ao longo da qual podiam ser vistos grandes portais de pérolas.
Com alegria, o Criador contemplou a capital sonhada.
Carinhosamente, o Soberano a denominou: Jerusalém, a cidade da paz.
Deus estava para trazer à existência a primeira criatura racional. Seria um anjo glorioso, de todo o mais honrado. Adornado pelo brilho das pedras preciosas, esse anjo viveria sobre o monte Sião, como representante do Rei dos reis diante do Universo.
Com muito amor, o Criador passou a modelar o querubim ungido. Toda sabedoria aplicou ao formá-lo, fazendo-o perfeito. Com ternura concedeu-lhe a vida; o formoso anjo, como que despertando de um profundo sono, Abriu os olhos e contemplou a face de seu Autor.·.
Com alegria, o Eterno mostrou-lhe as belezas do paraíso, falando-lhe de seus planos, que começavam a se concretizar. Ao ser conduzido ao lugar de sua morada, junto ao trono, o querubim ficou agradecido e, com voz melodiosa, entoou seu primeiro cântico de louvor.
Das alturas de Sião, descortinava-se, aos olhos do formoso anjo, Jerusalém em sua vastidão e esplendor. O rio da vida, ao deslizar sereno em meio à cidade, assemelhava-se a uma larga avenida, espelhando as belezas do jardim do Éden e das mansões angélicas.
Envolvendo o querubim com seu manto de luz, o Eterno passou a falar-lhe dos princípios que haveriam de reger o reino universal. Leis fixas que deveriam ser respeitadas em toda a extensão do governo divino.
Já as leis morais resumiam-se em dois princípios básico: amar a Deus sobre todas as coisas e viver na fraternidade com todas as criaturas. Cada criatura racional deveria ser um canal por meio do qual o Eterno pudesse relacionar-se, vida e luz. Dessa forma, o Universo cresceria em harmonia, felicidade e paz.

Depois de revelar ao formoso anjo as leis de seu governo, o Eterno confiou-lhe uma missão de grande responsabilidade: seria o protetor daquelas leis, devendo honrá-las e revelá-la ao Universo prestes a ser criado. Com o coração transbordante de amor a Deus e aos semelhantes, caber-lhe-ia ser um modelo de perfeição: Lúcifer, o portador da luz.
O querubim; agradecido por tudo, prostrou-se ante o amoroso rei, prometendo-lhe eterna fidelidade.
O Eterno continuou sua obra de criação, trazendo às existências inumeráveis hoste de anjos, os ministros do reino de Deus. A Cidade santa ficou povoada por essas criaturas radiantes que, felizes e gratas, uniam as vozes em belíssimos cânticos de louvor ao criador.
Deus traria agora à existência o Universo que, repleto de vida, giraria em torno de seu trono firmado em Sião. Acompanhado por seus ministros, partiu para a grandiosa realização.
Depois de contemplar o vazio imenso, o Criador ergueu as poderosas mãos, ordenando a materialização das multiformes maravilhas que haveriam de compor o cosmo. Sua ordem, qual trovão, ecoou por toda a parte, fazendo surgir, como que por encanto, galáxias sem conta, repletas de mundo e sóis, paraíso de vida e alegria, tudo girando em harmonia em torno do monte Sião.
Ao presenciarem tão grande feito do supremo Rei, as hostes angelicais prostraram-se, fazendo ecoar pelo espaço iluminado um cântico de triunfo, em saudação à vida. Todo o Universo uniu-se nesse cântico de gratidão, em promessa de eterna fidelidade ao criador.
Guiados pelo Eterno, os anjos passaram a conhecer as riquezas do Universo. Nesse caminho pelo cosmos ficaram admirados ante a vastidão do reino de Deus. Por todas as partes encontravam mundo habitados por criatura felizes que os recebiam em festa. Os anjos saudavam-no com cânticos que falavam das boas obras daquele reino de paz.
Tão precisa como a vida, a liberdade de escolha, através da qual as criaturas poderiam demonstrar seu amor ao criador, era exigir um teste de fidelidade. Com propósito de revelá-lo, o Eterno conduziu as hostes (o espaço iluminado) até se aproximarem de um abismo de treva que contrastava com o imenso brilho das galáxias.
Ao longe, esse abismo revelara-se insignificante aos olhos dos anjos, como um pontinho sem luz; Mas à medida de sua aproximação, mostrou-se em sua enormidade. O criador, que a cada passo revelava aos anjos os mistérios de seu reino, ficou ali silencioso, como que guardando para si um segredo. As trevas daquele abismo consistiam no teste da fidelidade. Voltando-se para as hostes, o Eterno solenemente afirmou:
“- Todos os tesouros da luz estarão abertos o vosso conhecimento, menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois livres para me servirem ou não. Amando a luz estéril ligado a fonte da vida”.
Com estas palavras, fez Deus separação entre a luz e as trevas, o bem e o mal. O Universo era livre para escolher seu destino.
Logo, o sonho do criador se concretizara. Agora como Pai carinhoso, conduzia as criaturas através de uma eternidade de harmonia e paz. Em virtude do cumprimento das leis divinas, o Universo expandia-se em felicidade e glória.
Em Jerusalém, os ministros do reino reuniam-se ante o soberano Rei, sempre pronto a cumprir os seus propósitos. Eram através de Lúcifer que o Eterno tornava manifesto os seus desígnios. Depois de receber uma revelação, ele prontamente a transmitia às hostes angelicais. Estas por sua vez, as compartilhavam com a criação. Em célere voo, os anjos caminhavam para as terras planetas capitais, onde, em grandes assembleias, reuniam-se os representantes dos demais mundos.
Em muitas dessas assembleias, Lúcifer fazia-se presente, enchendo os participantes de alegria e admiração. Perfeito em todas as virtudes, ele os cativava com sua simpatia. Nenhum outro anjo conseguia revelar como ele os mistérios do amor do Eterno.
-O Universo, alimentando-se da fonte da vida, expandia-se numa eternidade de perfeita paz. A obediência às leis divinas era o fundamento de todo progresso e felicidade. Ainda que consciente do livre-arbítrio, jamais subiria ao coração de qualquer criatura o desejo de se afastar do criador. Assim foi por muito tempo, até que tal problema irrompeu na vida daquele que foi o mais íntimo do Eterno.
Lúcifer, que dedicara sua vida ao conhecimento dos mistérios da luz, sentiu-se aos poucos atraído pelas trevas. O Rei do Universo, aos olhos de quem nada pode ser encoberto, acompanhou com tristeza os seus passos no caminho descendente que leva à morte.
A principio, uma pequena curiosidade levou Lúcifer a se aproximar daquele abismo profundo. Contemplando-o, ele começou a indagar o porquê de não poder compreender o seu enigma.
Retornando a seu lugar de honra, junto ao trono, prostrou-se ante ao divino Rei, suplicou-lhe:
Pai dá-me a conhecer os segredos das trevas, assim como me revelas a luz.
Ante o pedido do formoso anjo, o Eterno, com voz expressiva de tristeza, disse-lhe:
Meu filho, você foi criado para a luz, que é vida.
Convencendo-se de que o Criador não lhe revelaria os tesouros das trevas, Lúcifer decidiu compreender por si mesmo o enigma. Julgava-se capacitado para tanto.
Só Deus sabia o que se passava no coração de Lúcifer. O anjo, que fora criado para ser o portador da luz, estava divorciando-se em pensamentos do bondoso criador que, num esforço de impedir o desastre, rogava-lhe permanecer a seu lado.
Uma tremenda luta passou a travar-se em seu íntimo. O desejo de conhecer o sentido das trevas era imenso. Contudo, os rogos daquele amoroso Pai, a quem não queria também perder, o torturavam.  Vendo o sofrimento que sua atitude causava ao Criador, às vezes demonstrava arrependimento, mas voltava a cair.
Antes de Criar o Universo, Deus já previra a possibilidade de uma rebelião. O risco de conceder liberdade às criaturas era imenso, mas sem este dom, a vida não teria sentido.
Ele queria que a obediência fosse fruto de reconhecimento e amor, por isso decidiu correr o grande risco.
Ainda que prosseguisse na busca do sentido das trevas, Lúcifer não pretendia abandonar a luz. Esforçava-se para chegar a uma combinação entre essa parte que, no reino do Eterno, coexistiam separadas. Finalmente, com um sentimento de exaltação, concebeu uma teoria enganosa, que pretendia apresentar ao Universo como um novo sistema de governo, superior ao governo do Eterno. Denominou sua Lei “a ciência do bem e do mal”.
A ciência do bem e do mal se revelou atraente aos olhos de Lúcifer, parecendo descerrar um sentido de vida superior àquele oferecido pelo criador, cujo reino possibilitava unicamente o conhecimento experimental do bem. No novo sistema, havia equilíbrio entre o bem e o mal, entre o amor e o egoísmo, entre a luz e as trevas.
Ao longo do tempo em que amadurecera em sua mente a ciência do bem e do mal, Lúcifer soube guardar segredo diante do Universo. Continuava em seu posto de honra, cumprindo a função de portador da luz. Contudo, por mais que procurasse fingir, seu semblante já não revelava alegria em servir ao Eterno.
O divino Rei, que sofria em silêncio, procurava, por meio de suas revelações de amor, preparar as criaturas racionais para a grande prova que se aproximava. Sabia que muito daria ouvido â tentação, voltando-lhe as costas. A noite da provação faria sobressair, contudo, os verdadeiros fiéis – aqueles que serviam ao criador não por interesse, mas por amor.
Ao ver que a hora da prova chegara, e que Lúcifer estava pronto para traí-lo diante do Universo, o Eterno, que jamais cessaria de revelar os tesouros de sua sabedoria, tornou-se silencioso e contemplativo. O silêncio fez reviver no coração das hostes a lembrança daquele caminho pelo cosmos, quando, depois de lhe mostrar as riquezas do reino de Deus, o Senhor tornou-se silencioso ante aquele abismo. Lembra-se de suas palavras: “Todos os tesouros da luz estarão aberto ao vosso conhecimento, menos os segredos ocultos pelas trevas. Sois para me servirem ou não. Amando a luz estarei ligado à fonte da vida”.
Lúcifer, que passara a cobiçar o trono de Deus, indagou-lhe o motivo de seu silencio. O criador, contemplando-o com infinita tristeza, disse-lhe: “É chegada à hora das trevas. Você é livre para realizar seus propósitos”.
Vendo que o momento propício para a propagação de sua teoria havia chegado, Lúcifer convocou os anjos para uma reunião especial. As hostes, desejosas de conhecer o significado do silencio do Pai, tomaram seus lugares junto ao magnífico anjo, que sempre lhes revelara os tesouros do reino de Deus.
Lúcifer começou seu discurso exaltando, como de costume, o governo do Eterno. Num amplo retrospecto, lembrou-lhes as grandiosas revelações que os enriquecera em toda aquela eternidade.
O silencio divino, apresentou-o como sendo a indicação de que o Universo alcançara a plenitude do conhecimento oriundo da luz. Silenciando, o Eterno abria-lhes caminho para o entendimento de mistérios ainda não sondados, mantidos até então além dos limites de seu governo.

Surpresas, as hostes tomaram conhecimento da experiência de Lúcifer sobre as trevas. Com eloquência, ele falou-lhes da ciência do bem e do mal, indicando-a como o caminho das maiores realizações.

O efeito de suas palavras logo se fez sentir em todo o Universo. A questão era decisiva e explosiva, gerando pela primeira vez discórdia. Os seres racionais, em sua prova, tinham de optar por permanecer somente com o conhecimento da luz, o qual Lúcifer afirmava haver chegado seu limite, ou se aventurar no conhecimento da ciência do bem e do mal. No começo, os anjos debateram-se diante da questão, sendo logo todo o Universo posto à prova. Dir-se-ia que a ciência do bem e do mal haveria de arrebanhar a maior parte das criaturas, mas, aos poucos, muitos que a principio se empolgaram com a teoria, despertaram para a ilusão da mesma, reafirmando sua fidelidade ao reino de Deus. Ao fim desse conflito, que se arrastou por longo tempo, revelou-se um terço das estrelas do céu ao lado de Lúcifer, e as restantes, ainda que abaladas pela prova ao lado do eterno.
A ciência do bem e do mal fora apregoada por Lúcifer como um novo sistema de governo. Mas como exercê-lo, se o eterno continuava reinando em Sião? O conselho, formado pelos anjos rebeldes, passou a tratar disso. Decidiram, finalmente, solicitar-lhe o trono por um tempo determinado, no qual poderiam demonstrar a excelência do novo sistema de governo. Caso fosse aprovado pelo Universo, o novo sistema se estabeleceria para sempre; caso contrário, o domínio retornaria ao criador. Foi assim que Lúcifer, acompanhado por suas hostes, aproximou-se d’aquele Pai sofredor, fazendo-lhe tal pedido.
O eterno não era ambicioso, apenas queria bem às suas criaturas. Se a ciência do bem e do mal consistisse realmente num bem maior, não se oporia à sua implantação, cedendo o trono a seus defensores. Mas ele sabia que aquele caminho conduzia à infelicidade e à morte.
Movido por seu amor protetor, o criador desatendeu o pedido das hostes rebeldes, que se afastaram enfurecidas. Lúcifer e suas hostes passaram a acusar o divino Rei, proclamando ser o seu governo de tirania.
Afirmavam ser sua permanência no trono a mais patente demonstração de sua arbitrariedade. Não lhes concedera liberdade de escolha? Por que neutralizá-la agora, impedindo-os de pôr em pratica um sistema de governo superior? As acusações das hostes rebeldes repercutiram por todo o Universo, fazendo parecer que o governo do Eterno era injusto. Isto trouxe profunda angustia àqueles que permaneciam fiéis ao reino da luz. Não sabendo como refutar tais acusações, essas criaturas, emudecidas pela dor moral, ansiavam pelo momento em que novas revelações procedentes do criador pudessem aclamar-lhes os mistérios desse grande conflito.
As acusações e blasfêmias das hostes rebeldes alcançavam o ponto culminante: quando o eterno, num gesto surpreendente, ergueu-se de seu trono, como que pronto a deixá-lo. Os infiéis, na expectativa de uma conquista, aquietaram-se enquanto um sentimento de temor penetrava no coração dos súditos da luz. Entregá-lo-ia o domínio de toda a criação, para livrar-se das vis acusações? De acordo com a lógica a partir da qual Lúcifer fundamentava seus ensinamentos, não restava alternativa ao criador. Nesta tremenda expectativa, o Universo acompanhava os passos de Deus.
Num gesto de humildade, o criador despojou-se de sua coroa e de seu manto real, depondo-os sobre o alvo trono. Em seu semblante não havia expressão de ressentimento ou ira, mas de infinito amor e tristeza.
Com solenidade, o Eterno proclamou que o momento decisivo chegara, quando cada criatura deveria selar sua decisão ao lado da luz ou das trevas. Numa ampla revelação, o alertou para as consequências de um rompimento com a fonte da vida.
Lúcifer e seus seguidores estavam conscientes da seriedade daquele momento. Vendo que o trono permanecia vazio, Lúcifer e suas hostes, dominados pelas cobiças, romperam definitivamente com o criador.
Ao ver um terço dos súditos transporem as divisas da eterna separação, Deus deixou extravasar a dor angustiante que por tanto tempo martirizava seu coração, curvando-se em inconsolável pranto. Contemplando seus filhos rebeldes, ergueu a voz numa lamentação dolorosa: “meus filhos, meus filhos! já não posso chamá-los assim! Queria tanto tê-los nos braças meus!
Lembro-me quando os formei com carinho! Vocês surgiram felizes e perfeitos, em acordes de esperança em eterna harmonia!
Vivi para vocês, cobrindo-os de glória e poder! Vocês foram a minha alegria! Por que seus corações mudaram tanto? O que mais poderia eu fazê-los permanecer comigo? Hoje minha alma sofre em dor pela separação eterna! Como olharei para os lugares vazios onde tantas vezes rejubilastes erguendo cânticos festivos, sem me vir à mente um misto da felicidade e dor? Saudade infinita já invade o meu ser, e sei que será eterna!
Hoje o meu coração rompeu e quebrou-se; a cicatriz carregará para sempre! Depois de proclamar em pranto tão dolorosa lamentação, o Eterno, dirigindo-se a Lúcifer, o causador de todo o mal, disse:
“você recebeu um nome ao ser criador. Agora não mais o chamarão Lúcifer, mas Diabo, o senhor das trevas”.
Depois de lamentar a perdição das hostes rebeldes, o Eterno em lentos passos, ausentou-se do jardim do Éden, lugar do trono Universal... Onde seria agora a sua morada...
As hostes fiéis acompanharam reverentes os seus misteriosos passos de abandono, que pareciam descerrar um futuro difícil, de sofrimentos e humilhações. Ocupariam os rebeldes o divino trono, profanando-o como domínio do pecado, daí foi à queda de Lúcifer e seus anjos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Martyn Lloyd-Jones, John Stott, e
 1 Co 12.13:
O Debate sobre o Batismo com o Espírito Santo
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Augustus Nicodemus Lopes*
O debate na Igreja brasileira sobre o batismo com o Espírito Santo tem sido às vezes conduzido em torno das figuras do (já falecido) Dr. Martyn Lloyd-Jones e do Dr. John Stott.1 Mais particularmente, o debate tem girado em torno das suas interpretações da conhecida passagem de Paulo em 1 Coríntios 12.13, Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.2 A passagem é crucial para o debate, já que é a única, fora dos Evangelhos e de Atos, que traz juntas palavras como "todos", "Espírito", "batizar", "corpo", e "beber". Alguns defensores do batismo com o Espírito Santo como uma experiência distinta da conversão, referem-se ao Dr. Lloyd-Jones como exemplo de um teólogo reformado e puritano que defende essa posição. Os do campo contrário, referem-se ao Dr. Stott como um teólogo de renome mundial que sustenta ser o batismo com o Espírito Santo idêntico à conversão.
Duas observações iniciais sobre esta realidade. Primeira, o debate sobre o batismo com o Espírito Santo tem encontrado muito mais participantes ilustres do que apenas Lloyd-Jones e Stott. Existem muitos livros e artigos defendendo uma e outra posição, escritos por teólogos conhecidos e de diferentes persuasões teológicas. O fato de que, no Brasil, esta polêmica desenvolve-se em torno dos nomes de Lloyd-Jones e de Stott deve-se ao simples fato de que ambos tiveram suas obras traduzidas para o português, e outros não. E a segunda observação decorre deste último ponto: a doutrina do batismo com o Espírito Santo não é a principal ênfase dos ministérios de Lloyd-Jones e Stott.3 Ambos falaram e escreveram sobre muitos outros assuntos. Mas o fato é que, no Brasil, por falta de autores nacionais que escrevam claramente sobre o assunto, e que tomem uma posição definida, e também por causa das poucas traduções em português de livros sobre o tema, o debate desenvolveu-se mesmo em torno desses dois nomes.
Também é importante lembrar que esses dois importantes líderes não se envolveram pessoalmente em disputa pública sobre esse ponto específico. São alguns de entre os seus seguidores e admiradores que têm usado seus escritos para debater as diferenças que a discussão moderna sobre o assunto tem levantado. Lloyd-Jones e Stott, na verdade, estiveram envolvidos em outro tipo de polêmica, mais especificamente com relação a eclesiologia, e a unidade dos evangélicos.4
Partindo então da inevitável realidade de que teremos de lidar com Lloyd-Jones e Stott ao nos referirmos à questão do batismo com o Espírito Santo em um artigo destinado a pastores e líderes brasileiros, tentaremos aqui dar uma colaboração ao debate através de uma apresentação e análise da posição de ambos, particularmente à luz da maneira como interpretam 1 Co 12.13.
·  Lloyd-Jones e 1 Co 12.13
Vamos começar com Martyn Lloyd-Jones, por uma questão de cronologia. Sua opinião sobre o batismo com o Espírito Santo, e sua interpretação de 1 Co 12.13, podem ser encontradas em três de suas obras principais. Primeiro, em God’s Ultimate Purpose, o primeiro volume de sua famosa série de sermões na carta aos Efésios, pregados nos anos 1954-1955, durante seu ministério na Capela de Westminster, Londres.5 Ele expõe Efésios 1.13 em seis capítulos, quando então aborda o tema do batismo com o Espírito Santo.6 Segundo, no volume da sua série em Romanos, entitulado The Sons of God, onde ele expõe Romanos 8.5-17.7 Esse volume contém os sermões pregados em Romanos durante os anos 1960-1961, dos quais oito tratam de Rm 8.16, uma passagem que, segundo Lloyd-Jones, refere-se ao batismo com o Espírito Santo.8 Por fim, em seu livro Joy Unspeakable, publicado em 1984, que é a transcrição de vinte e quatro sermões pregados em 1964 na Capela de Westminster, Inglaterra, numa série em João 1.26-33.9 Nesta obra, Lloyd-Jones trata de forma detalhada da sua posição sobre o batismo com o Espírito Santo, e de 1 Co 12.13.10 Procuraremos resumir, partindo destas fontes, a sua interpretação da passagem.11
·  O contexto do ensino de Lloyd-Jones
Devemos estar conscientes do contexto em que Lloyd-Jones aborda esse assunto. Ele estava reagindo a duas tendências de sua época, as quais considerava perniciosas para a vida da Igreja. Em primeiro lugar, contra o nascente movimento de "línguas", em Londres, cujos proponentes reivindicavam terem sido "batizados com o Espírito", e colocavam a ênfase maior no dom de línguas. Lloyd-Jones freqüentemente adverte contra os perigos do fanatismo, misticismo, e abusos nesta área,12 fato que às vezes tem sido esquecido por alguns que usam seus escritos para promover conceitos e práticas carismáticos.
Lloyd-Jones enfrentava ao mesmo tempo um tipo de ensino aparentemente ortodoxo que ele considerava ainda mais pernicioso à vida da Igreja do que os excessos dos carismáticos. Basta que leiamos os capítulos 21—25 do seu livro God’s Ultimate Purpose para verificarmos que, na maioria das vezes, ele está reagindo, não aos excessos do movimento carismático nascente, mas ao tipo de ensino que dizia que os crentes já tinham recebido tudo por ocasião da sua conversão, e que não mais precisavam buscar a plenitude do Espírito ou um nível maior de vida espiritual.13 Era esse Cristianismo antiemocional e intelectualista que prevalecia nas Igrejas evangélicas da Inglaterra. Para muitos pastores e estudiosos daquela época, todos os crentes já haviam recebido tudo do Espírito na sua conversão, e o que restava era irem se apropriando destes benefícios gradativamente, na vida cristã.14 Para eles, quase todos os aspectos da obra redentora e santificadora do Espírito Santo ocorriam num âmbito não "experienciável",15 e atividades do Espírito como o "selo" (Ef 1.13) e o "testemunho ao nosso espírito" (Rm 8.16) eram encarados como se processando em um nível intelectual, ou acima da nossa capacidade de sentir ou experimentar. Outros ensinavam que todas estas coisas eram para ser tomadas "pela fé", independentemente dos sentimentos ou das emoções.
Para Lloyd-Jones, esse tipo de ensino era responsável em grande parte pelo fato de a maioria dos cristãos na Europa desconhecerem um Cristianismo vigoroso, "experienciável", e de praticarem uma religião fria, sem emoções, e destituída de vigor e vida. Como pastor de formação puritana, Lloyd-Jones reagiu fortemente a esse tipo de ensino que acabava por negar o caráter "experienciável" da fé em Cristo, e o lugar das emoções na experiência cristã. Mas, o seu maior conflito com esses teólogos era que tal ensinamento, na sua opinião, não deixava lugar para reavivamentos espirituais, para novos derramamentos do Espírito sobre a Igreja.
Por esse motivo, ele abordou o assunto do batismo com o Espírito Santo muito mais em reação à frieza espiritual da sua época, do que em reação ao movimento carismático, que estava apenas em seus inícios naqueles dias.
·  O selo do Espírito e o batismo com o Espírito
Ao expor Ef 1.13, fostes selados com o Santo Espírito da promessa, Lloyd-Jones segue a interpretação de alguns teólogos Puritanos (Thomas Goodwin, John Owen, Charles Simeon, Richard Sibbes), e do famoso Charles Hodge de Princeton, que defendiam que esse "selo" não é a mesma coisa que a conversão, e pode ocorrer depois.16 A principal ênfase de Lloyd-Jones em sua exposição da passagem é que esse "selo" é algo que pode ser experimentado, sentido e identificado pelos crentes, e que não se trata de algo que já ocorreu automaticamente com todos eles na sua conversão. Como demonstração, ele menciona experiências de personagens famosos na História da Igreja, como John Flavel, Jonathan Edwards, D. L. Moody, Christmas Evans, George Whitefield e John Wesley.17
Trata-se de uma experiência, diz Lloyd-Jones, e não de um processo. Assim, é algo que deve ser buscado por cada um.18 Também não devemos confundir o "selo" com a plenitude do Espírito, e nem com a santificação;19 o "selo" também não é algo a ser "apropriado pela fé", como ensinam alguns pregadores e escritores:20 ele funciona como uma autenticação de Deus de que de fato pertencemos a ele, algo semelhante ao ocorrido com o Senhor Jesus quando foi batizado (comparar Jo 1.32-34 com 5.27).21
Lloyd-Jones identifica esse "selar" do Espírito com o "batismo" do Espírito, experimentado pelos apóstolos no dia de Pentecostes, e ainda pelos samaritanos, Cornélio e sua casa, e os discípulos de João Batista em Éfeso.22
·  O testemunho do Espírito e o batismo com o Espírito
Em sua exposição de Romanos 8.16, Lloyd-Jones afirma que o testemunho do Espírito ao nosso próprio espírito é mais do que o resultado de um processo racional, pelo qual o crente chega à certeza da salvação. Segundo ele, trata-se de uma certeza dada de forma imediata (sem o uso de meios) pelo Espírito, diretamente à nossa consciência. Portanto, é algo da mesma ordem que o "selo" ou batismo com o Espírito.23 É algo distinto da conversão, que ocorre após a mesma, às vezes em um intervalo de tempo extremamente breve.24
·  1 CoRÍNTIOS 12.13
Lloyd-Jones está consciente de que alguns apelarão para 1 Co 12.13 para contradizer seu ponto de vista. Para ele, a passagem ensina de fato que o Espírito Santo batiza o crente, colocando-o no corpo de Cristo que é a Igreja, e que isto ocorre na conversão, e que, portanto, todos os cristãos já foram objeto desta atividade do Espírito. Porém, ele argumenta, esse "batismo" de 1 Co 12.13 não é o mesmo "batismo" ou "selo" do Espírito mencionado nos Evangelhos e em Atos. O que ocorre é que a palavra "batismo" é empregada no Novo Testamento com vários sentidos diferentes.25 Para ele, o batismo pelo Espírito em 1 Co 12.13 significa o ato pelo qual o Espírito nos incorpora à Igreja, e que portanto é idêntico à conversão, ao passo que, nos Evangelhos, e principalmente em Atos, o batismo com o Espírito refere-se a uma experiência pós-conversão, confirmatória e autenticadora em sua essência.26
Lloyd-Jones argumenta que uma das diferenças decisivas entre 1 Co 12.13 e as passagens em Atos sobre o batismo com o Espírito Santo, é quanto ao agente do batismo, ou seja, a pessoa que batiza. Ele acredita que na expressão e)n e(ni/ pneu/mati h(mei=j pa/ntej ei)j e(\n sw=ma e)bapti/sqhmen a preposição e)n tem força instrumental, e que deve, portanto, ser traduzida "por um só Espírito", e não "em um só Espírito". Ele argumenta que "por" é a tradução da maioria das versões em Inglês, e que a preposição e)n ocorre em várias outras ocasiões no Novo Testamento com a mesma força instrumental (ele cita Mt 7.6; 26.52; Lc 1.51; Rm 5.9). Ele cita ainda várias outras autoridades na área de exegese que mantém esta opinião.27 Ele conclui que, em 1 Co 12.13, é o Espírito quem nos batiza no corpo de Cristo. Nas demais passagens, o agente é o Senhor Jesus, o que é algo muito diferente. A confusão existe pelo fato de que a mesma palavra "batismo" é usada.28 Em 1 Co 12.13 ela se refere à conversão, mas nas demais passagens, a uma experiência posterior à conversão, e portanto, distinta da mesma.
·  Era Lloyd-Jones um Carismático?
Em resumo, para Lloyd-Jones, o batismo com o Espírito Santo é uma experiência na qual o Espírito concede ao crente plena certeza de fé, e que deve ser identificada com o selo e o testemunho do Espírito mencionados por Paulo. Esta experiência resulta em poder e ousadia, que por sua vez, capacitam o crente a testemunhar eficazmente de Cristo.
É extremamente importante notar que o pensamento de Lloyd-Jones sobre o selo ou batismo do Espírito, é essencialmente diferente da posição pentecostal clássica, e da posição neopentecostal. Lloyd-Jones não vê nenhuma evidência bíblica de que esta experiência deva ser acompanhada pelo falar em línguas e pelo profetizar, ou por qualquer outra manifestação extraordinária. Na verdade, ele chama a atenção para o fato de que muitos dos dons que foram concedidos no início da Igreja Cristã não haviam sido mais concedidos no desenrolar desta mesma história. Ele aponta para o fato de que nenhum dos grandes nomes da História da Igreja, conhecidos como tendo passado por experiências profundas com o Espírito (que ele considera como tendo sido esse "selar" ou "batizar" do Espírito) terem manifestado dons como línguas, profecia, ou milagres. Para Lloyd-Jones, o ponto essencial desta experiência também não é a capacitação de poder, como enfatizado em círculos pentecostais e carismáticos, mas a certeza dada de forma direta, pelo Espírito, de que somos filhos de Deus.29
Como já mecionamos, ao mesmo tempo em que estava reagindo contra o Cristianismo frio e árido de sua época, Lloyd-Jones também estava em combate contra várias ênfases do nascente movimento carismático. Talvez o único ponto em que ele estivesse em acordo com eles é que o "selo" (batismo) do Espírito é algo distinto da conversão, e que ocorre após a mesma.30 As diferenças quanto ao propósito e às evidências deste evento são por demais distintas das convicções pentecostais-carismáticas, para que venhamos a classificar Lloyd-Jones como um carismático.
·  Stott e 1 CoRÍNTIOS 12.13
Passemos agora para a opinião de John Stott. Conhecido pregador e escritor, Stott é ministro da Igreja Anglicana da Inglaterra. Em 1964 ele fez uma série de estudos numa conferência para líderes evangélicos sobre a obra do Espírito Santo, os dons espirituais, e especialmente, sobre o batismo com o Espírito Santo. Estas palestras foram uma reação de Stott ao crescente Pentecostalismo dentro da sua própria paróquia.31 As palestras vieram ao grande público em 1966, num livrete intitulado The Baptism and Fullness of the Holy Spirit,32 após os sermões de Lloyd-Jones sobre o assunto já terem sido impressos. Dez anos após Stott publicou uma segunda edição, entitulada Baptism & Fullness: The Work of the Holy Spirit Today,33 onde ampliou algumas partes que precisavam de mais clareza e fundamentação, sem, entretanto, alterar seus pontos de vista.34 Esta obra foi traduzida e publicada em Português em 1986, como Batismo e Plenitude do Espírito Santo.35 Nela, Stott trata dos principais aspectos da obra do Espírito relacionados com a polêmica moderna, tais como a promessa do Espírito, o batismo do Espírito, a plenitude, o fruto e os dons do Espírito. Procuraremos nos concentrar na sua interpretação de 1 Co 12.13.
·  Uma experiência iniciatória
Stott argumenta que a expressão "batismo com o Espírito Santo", que ocorre sete vezes no Novo Testamento, é equivalente à expressão "o dom do Espírito Santo" que ocorre em At 2.38, e refere-se à experiência iniciatória da qual participam todos os que se tornam cristãos.36 O próprio conceito de "batismo com água" é iniciatório, como sendo o ritual público de introdução na Igreja, e está intimamente associado ao batismo com o Espírito Santo, como sugere At 10.47, 11.16 e 19.2-3.37 Ele argumenta que a linguagem empregada por Paulo para descrever a experiência cristã com o Espírito, como "estar no Espírito", "ter o Espírito", "viver pelo Espírito", e "ser guiado pelo Espírito", é aplicada nas cartas do apóstolo a todos os cristãos, indistintamente, até mesmo para os recém convertidos, a partir do momento em que se tornam cristãos. O Novo Testamento, continua Stott, presume que Deus tem dado o Espírito a todos os cristãos, cf. Rm 8.9; Gl 5.25; Rm 8.14.38
Das sete vezes em que a expressão "ser batizado com o Espírito Santo" ocorre no Novo Testamento, somente uma vez é fora dos Evangelhos e de Atos (ou seja, em 1Co 12.13). Stott lembra que, nos Evangelhos, a expressão aparece quatro vezes nos lábios de João Batista, ao descrever o ministério do Senhor Jesus, "ele vos batizará com o Espírito Santo" (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Em Atos, uma vez é aplicada pelo Senhor a Pentecostes (At 1.5), e outra é aplicada por Pedro à conversão de Cornélio, citando as palavras do Senhor Jesus (At 11.16).
A sétima vez é em 1 Co 12.13, Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. Stott contesta que, aqui, Paulo esteja se referindo ao Dia de Pentecoste, já que nem ele, nem os coríntios, participaram daquele evento histórico. Paulo está se referindo à participação nas bênçãos que Pentecoste tornou possível aos cristãos. Ele e os coríntios tinham recebido o Espírito Santo; aliás, para usar a terminologia de Paulo, tinham sido "batizados" com o Espírito Santo, e tinham "bebido" deste mesmo Espírito.
Stott aponta para o fato de Paulo estar enfatizando a unidade no Espírito no contexto da passagem, em contraste deliberado à variedade dos dons espirituais, assunto que o apóstolo havia discutido na primeira parte de 1 Co 12. Esse ponto é evidente pela repetição da palavra "todos" (todos...foram batizados, todos...beberam) e da expressão "um só" (um só Espírito... em um só corpo... de um só Espírito). O que Paulo está fazendo aqui, afirma Stott, é sublinhar aquela experiência com o Espírito Santo que todos os cristãos têm em comum. Esta é a diferença entre "o dom do Espírito" (quer dizer, o próprio Espírito Santo), e "os dons do Espírito" (isto é, os dons espirituais que ele distribui). Neste capítulo Paulo emprega várias vezes uma terminologia onde a unidade dos cristãos é destacada, cf. 12.4,8,9,11,13. O clímax é 12.13, onde o apóstolo afirma que em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo. A expressão de Paulo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres, bem pode ser uma alusão a "toda a carne" mencionada na profecia de Joel. Stott conclui que o batismo com o Espírito Santo não é uma segunda experiência, nem uma experiência subseqüente desfrutada somente por alguns cristãos, mas a experiência inicial desfrutada por todos.39 Ou seja, o batismo com o Espírito é o mesmo que conversão.
No seu recente comentário em Atos, Stott procura deixar claro que não nega que haja experiências mais profundas e mais ricas após a conversão. Porém, ele rejeita a idéia de que tais coisas possam ser chamadas de "batismo com o Espírito", uma terminologia que ele reserva apenas para a conversão, a obra inicial do Espírito no crente.40 É importante notar que, para ele, as passagens nos Evangelhos e em Atos devem ser interpretadas à luz da passagem de Corintios, e portanto, devem se referir à conversão, quando o crente recebe tudo o que lhe é dado receber do Espírito. É sintomático que no seu livro Baptism & Fullness não exista nem uma palavra sobre reavivamento espiritual. Stott aparentemente não nega a possibilidade da ocorrência de um reavivamento em nossos dias, mas certamente não é um dos seus proponentes mais entusiastas.
·  Batismo "pelo", "com", ou "no" Espírito?
Em seguida, Stott passa a responder às objeções que geralmente são levantadas contra sua interpretação de 1 Co 12.13. Inicialmente, ele aborda o argumento de que as outras seis passagens, que se referem ao "batismo com o Espírito Santo", tratam do batismo feito por Jesus em, ou com, o Espírito Santo, enquanto que 1 Co 12.13 trata do batismo realizado pelo Espírito no corpo de Cristo, algo completamente diferente. Os defensores desta posição, esclarece Stott, concordam que o Espírito Santo batizou a todos os crentes no corpo de Cristo, mas isto não prova, para eles, que Cristo batizou a todos com o Espírito Santo. Stott afirma que esse tipo de argumentação é um exemplo de se tentar defender o indefensável, e passa, então, a refutá-la como se segue.41
Em todas as sete ocorrências da frase, a idéia de batismo é expressa pelas mesmas palavras gregas bapti/zw, e)n, pneu=ma, e portanto, a priori, deve ser entendida como se referindo à mesma experiência de batismo. Esta é uma regra sadia de interpretação, diz Stott, e cabe aos que pensam o contrário apresentar provas de que ela não se aplica aqui. A interpretação natural é que Paulo estaria em 1 Co 12.13 ecoando as palavras de João Batista, como Jesus e Pedro haviam feito antes dele (At 1.15; 11.16). É estranho tomar Jesus como o batizador nas seis primeiras passagens, e então, na sétima, tomar o Espírito como sendo o batizador, já que as expressões são idênticas. A preposição grega em 12.13 é e)n, como nos demais versículos, onde é traduzida como "com". Por quê, pergunta Stott, deveria ser traduzida diferentemente?42
·  Os quatro elementos de todo batismo
Ele então defende esse ponto com o argumento de que em qualquer tipo de batismo existem quatro partes: (1) o sujeito, que é o batizador, (2) o objeto, que é a pessoa sendo batizada, (3) o elemento em, ou no qual a pessoa é batizada, e (4) o propósito com o qual o batismo é realizado. Como exemplo, ele cita o "batismo" dos israelitas no Mar Vermelho (cf. 1 Co 10.1-2). Deus foi o batizador, os israelitas foram os batizandos, o elemento em que foram batizados foi água, ou vapor que caia das nuvens, e o propósito é indicado pela expressão "batizados em Moisés", isto é, para um relacionamento com Moisés como o líder apontado por Deus. O batismo de João, igualmente, tem quatro partes: João (o sujeito) batizou as multidões que vinham de Jerusalém e regiões circunvizinhas (os batizandos) nas (e)n) águas do Rio Jordão (elemento) para (ei)j) arrependimento e, portanto, remissão de pecados, cf. Mt 3.5,11. O batismo cristão é similar, continua Stott. O pastor (sujeito) batiza o candidato (objeto) na, ou com, água (elemento), e o batismo é ei)j, "para" o nome da Trindade, ou mais especificamente, para o nome de Cristo (Mt 28.19; At 8.16). O batismo do Espírito não é exceção a esta regra, conclui Stott. Se colocarmos as sete referências juntas, verificaremos que Jesus Cristo é o batizador (sujeito), todos os crentes (1 Co 12.13) são os batizandos (objeto), o Espírito Santo é o "elemento" com o qual (e)n ) somos batizados, e o propósito (ei)j) é a incorporação do crente no corpo de Cristo.43
Stott reconhece que alguém poderia objetar que estas quatro partes não aparecem claramente em todos as sete passagens mencionadas. Por exemplo, o sujeito (o batizador) não aparece em 1 Co 12.13. Para Stott, isto não é problema: Jesus Cristo é o batizador implícito da passagem, assim como também em At 1.5 e 11.16. Ele não é mencionado porque nestas passagens o verbo "batizar" está na voz passiva, e a ênfase recai sobre as pessoas sendo batizadas, enquanto que o sujeito da ação recua para os bastidores.
Ele ainda argumenta que, se o Espírito é quem batiza em 1 Co 12.13, então, onde está o elemento com o qual ele batiza? Stott considera a falta de resposta a esta pergunta como sendo conclusiva de que sua interpretação é a correta, já que a metáfora do batismo requer um elemento. De outra forma, "batismo não é batismo".44 Ele conclui que 1 Co 12.13 refere-se a Cristo batizando com o Espírito Santo, e nos fazendo beber do Espírito, e que "todos nós" temos participado desta bênção (cf. Jo 7.37-39). Esta conclusão é reforçada pelo tempo dos dois verbos, "batizar" e "beber", ambos no aoristo, e que se referem, não a Pentecoste, mas à bênção pessoal recebida pelos cristãos em sua conversão.45

quinta-feira, 6 de setembro de 2012


Teologia Gnóstica

  Gnose é o substantivo do verbo gignósko, que significa conhecer. Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático. No grego clássico e no grego popular, koiné, seu significado é semelhante ao da palavra epistéme.
        Em filosofia,... 
·                    epistéme significa "conhecimento científico" em oposição a "opinião", 
·                    enquanto gnôsis significa conhecimento em oposição a "ignorância", chamada de ágnoia.
       A gnose é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele conhecimento que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro_do_homem_com sua Essência Eterna e maravilhosa.
        O objeto do conhecimento da Gnose é Deus, ou tudo o que deriva dEle. Toda gnose parte da aceitação firme na existência de um Deus absolutamente transcendente, existência que não necessita ser demonstrada. "Conhecer" significa ser e atuar, na medida do possível ao ser humano, no âmbito do divino. Por isso, "conhecer" implica a salvação de todo o mal (Ego) em que possa estar imerso o homem que venha a possuir esse "conhecimento".
        Gnose é ao mesmo um conceito religioso e psicológico, além de científico, filosófico e artístico. A partir desta visão, o significado da vida aparece como uma transformação e uma visão interior, um processo ligado ao que hoje se conhece como psicologia profunda.
        O desejo e as tentativas de conseguir amor e felicidade são a saudade inesgotável do Pleroma, ou seja, da Plenitude do Ser, que é o verdadeiro lar da alma. O desejo desse “conhecimento" é uma nostalgia das origens e procede de um original anelo humano de alcançar a Unidade, do desejo natural, perene e universal, de fusão do homem com o Ser, do qual acredita ter sido originado.
        A Gnose é o comportamento religioso que traduz esta profunda e dolorosa sensação que sentem os homens e mulheres pela separação dos polos humano e divino. É, no fundo, uma tentativa de compreensão das relações entre o homem e a divindade.
        Para Jung, muitos gnósticos nada mais eram do que psicólogos. "A gnose é, indubitavelmente, um conhecimento psicológico, cujos conteúdos provêm do inconsciente. Ela chegou às suas percepções através de uma concentração da atenção sobre o chamado "fator subjetivo" que consiste, empiricamente, na ação demonstrável do inconsciente sobre a consciência. Assim se explica o surpreendente paralelismo da simbologia gnóstica com os resultados a que chegou a psicologia profunda". 

Gnosticismo é um termo derivado da palavra grega (gnosis) e significa conhecimento. Sua aplicação está na representação de um movimento religioso que influenciou o mundo Mediterrâneo desde o primeiro século antes de Cristo até o terceiro século depois de Cristo. O Gnosticismo se expressou como uma variedade de formas pagãs, judias e Cristãs, mas era na verdade muito mais que isso.

 Gnose é o substantivo do vergo gignósko, significa conhecer. Gnose é conhecimento. No grego clássico e no grego popular, koiné, seu significado é semelhante ao da palavra epistéme. Em filosofia, epistéme significa "conhecimento científico" em oposição a "opinião", enquanto gnôsis significa conhecimento em oposição a "ignorância", chamada de ágnoia.
        A gnose é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele conhecimento que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro do homem com sua essência.
        O objeto do conhecimento da Gnose é Deus, ou tudo o que deriva dele.
Embora o pensamento gnóstico já existisse no seio da religião hebraica mesmo antes da vinda de JESUS, os ensinamentos dessa doutrina somente tomaram vulto a partir dos primeiros séculos do Cristianismo.
        Os 
Gnósticos admitiam que o conhecimento, que denominavam de Gnosis, podia chegar ao homem por meio de transes - quando o espírito fica livre para circular pelas diversas esferas - assim como pelos sonhos, conforme muitas citações bíblicas dizem ser possível. "Conhece a verdade e ela te libertará" - Bíblia Sagrada.
  Aqueles que escreveram e divulgaram esses textos não se consideravam “hereges”. A maioria dos escritos emprega a terminologia cristã relacionada de modo inequívoco à herança judaica. Muitos alegam oferecer tradições secretas e ocultas sobre Jesus aos muitos que formaram, no século II, a chamada “igreja católica”.Esses cristãos são hoje conhecidos como gnósticos, termo proveniente da palavra grega Gnosisem geral traduzida como “conhecimento”. 
·                    Aqueles que dizem não saber nada sobre a realidade suprema são chamados agnósticos (literalmente, “sem conhecimento”), 
·                    e o indivíduo que afirma conhece-la é gnóstico (“conhecedor”). 
        Mas gnosis não é, em princípio, conhecimento racional. A língua grega distingue conhecimento científico ou conhecimento reflexivo (“Ele conhece matemática”) e conhecimento por meio da observação ou experiência (“Ele me conhece”), que significa gnosisComo os gnósticos utilizam o termo, poderíamos traduzi-lo como sabedoria”, pois gnosis envolve o processo intuitivo do conhecimento_de_si_mesmo. Conhecer a si mesmo, como afirmam, é conhecer a natureza e o destino humanos. Segundo o professor gnóstico Teódato, que escreveu na Ásia Menor (ca. 140-160 d.C.), o gnóstico é aquele que chega a compreender quem somos e o que nos tornamos; onde estávamos e para onde vamos (...) para onde partimos apressados; do que estamos sendo libertados; o que é nascimento e o que érenascimento.
        Contudo, conhecer a si próprio, no nível mais profundo, é ao mesmo tempo conhecer Deus; este é o segredo da gnosisOutro professor gnóstico, Monoimus, diz: Abandone a procura por Deus, pela criação e por outros assuntos de natureza semelhante. Procure por ele tomando a si mesmo como ponto de partida. Aprenda quem está dentro de você que torna tudo seu e diga:
·                    “Meu Deus
·                    minha mente
·                    meu pensamento
·                    minha alma
·                    meu corpo." 
        Aprenda as fontes de ... 
·                    tristeza
·                    alegria, 
·                    amor
·                    ódio 
        (...) Se investigar com cuidado esses assuntos encontrará Deus em si mesmo.
gnosticismo é, antes de tudo, um movimento pré—cristão, com raízes próprias. Deve ser entendido, portanto (...) em seus próprios termos, e não como ramo ou subproduto da religião cristã.
Clemente de Alexandria, contemporâneo de Irineu, relata que havia uma gnosis monádica”; e as descobertas de Nag-Hammadi também revelam que ognosticismo valentiniano a forma mais influente e sofisticada de ensinamento gnóstico e a que mais ameaçava a igreja diferia bastante do dualismo. O tema da unidade de Deus domina a seção de abertura do Tratado Tripartidoum tratado valentiniano que descreve a origem de todos os seres. O autor descreve Deus comoum único Senhor e Deus (...) pois ele não foi gerado (...) No sentido próprio, então, o único Pai e Deus é aquele que ninguém gerou. Foi ele quem criou e gerou o universo (cosmos).10  
        Uma Exposição Valentiniana fala de Deus como: [Raiz] do Todo, o [Ser Inefável que] habita na Mônada. [Ele habita sozinho em silêncio (...) pois, depois de tudo, [ele era] uma Mônada, e não havia ninguém antes dele...

 Quando Valentino foi do Egito para Roma (ca. 140). Mesmo os inimigos falavam dele como um homem brilhante e eloqüente;38 os admiradores o reverenciavam como poeta e mestre espiritual. Uma tradição atribui o poético e evocativo Evangelho da Verdadedescoberto em Nag Hammadi, a Valentino. Ele afirmava que, além de ter recebido a tradição cristã que todos os fiéis têm em comum, recebera também de Teudas, um discípulo de Paulo, a iniciação na doutrina secreta de Deus.39 Paulo ensinava a sabedoria secreta, como dizia, não a todos, nem em público, mas apenas aos poucos eleitos que considerava espiritualmente maduros.40Valentino, por sua vez, oferecia iniciar “os que estão maduros”41 em sua sabedoria, pois nem todos são capazes de compreendê-la.